quarta-feira, 22 de julho de 2009

amor

Existem tarefas que, pela sua natureza ou pela natureza que aparentam ter, são vistas como arriscadas.
O risco é característica comum de todas as formas de arte: quer pela exposição do seu autor, quer pelas consequências que essa exposição possa provocar nos outros.
Amor, apresentado esta segunda-feira em frente ao S. Carlos, é um daqueles textos que não tem medo de correr riscos.
Ter sido adiado deu-lhe uma óptima publicidade. "Agressivo; poderia ferir susceptibilidades visto que o acesso ao espectáculo não era controlado". Mas ainda existe alguém que se choque com a palavra "buceta"?
O problema de Amor estava no facto de ser um texto muitíssimo mais político do que romântico. Se fosse apenas uma descrição brejeira da "sueca a olhar para o páu negro do Pelé" ninguém se daria ao trabalho de proibir a sua apresentação. Mas Amor dirige-nos o olhar para "a agonia do povo esguichando sangue". A sexualidade do texto confunde-se com crítica social: e é na crítica social que se torna provocador.
Em tempos de crise e de gripe, Amor ao ar livre não vem nada a calhar.

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